23.5.08

OUTRA DO RIO

Engraçadas essas coisas da vida. Agora, pouco depois de meia-noite, sou o único acordado na casa dos coroas. A casa já foi minha, já fiz muita farra aqui, já ri, já chorei, já botei música alta, mas hoje estou “sozinho”. Os pais dormem num quarto, a irmã e o namorado em outro e eu ouvindo Teresa Cristina aqui na sala, depois de fazer algumas coisas de trabalho para amanhã.

Engraçado porque estou na mesma mesa onde, quando era criança, comia em almoços de domingo com a família, onde estudei no ginásio, onde ficaram bolos de aniversário, onde escrevi cartas em papel (e hoje em dia eu escrevo posts neste blog) para uma ex-namorada (hoje amiga) que morava em outro estado, onde joguei Yam e comi bolo de fubá com café (cabrunco, essa é do arco da velha), onde fiz trabalhos da faculdade e por aí vai. Hoje, a mesa recebe um notebook, um copo de Bohemia Weiss e muita saudade. E a certeza de que não a verei já na segunda-feira.

A casa é a mesma onde vim morar em 1997, mas não é mais minha. Cheguei, fui beber água e a primeira pergunta foi “Pai, que copo eu pego?”. E logo eu, que tinha copo cativo em cima da geladeira, que era só meu. E o talher? Eu tinha um garfo e uma faca preferidos, que ficaram com minha irmã. Comi com garfo e faca de visita...

Neste feriado de outono no Rio eu serei visita na casa que já foi minha. É legal, mas engraçado, estranho mesmo. Do tipo “Meu filho, está aqui a sua toalha”. E lá vem uma toalha separada pela minha mãe para mim, e não a minha toalha. Vou até o antigo quarto do computador, onde eu colocava as minhas tranqueiras, e o que tem lá é mais bagunça, mas do meu pai. Até a minha cama se foi. Vou dormir de colchonete mesmo, mas de frente para a TV que dei para a coroa num Dia das Mães há algum tempo atrás (aliás, a TV quase foi baleada, mas isso é outro assunto...).

Só que mesmo sendo visita, é uma sensação boa saber de tudo da casa. Saber como se fecham as portas, onde fica a xícara para tomar o café, onde guardar o bolo de fubá, como organizar as coisas dentro da geladeira, onde comprar o pão para o café da manhã, onde fica o bloco de anotações do telefone e por aí vai.

É uma sensação bacana esta, de nostalgia, de novidade com algumas coisas, mas de saber que tudo está no seu devido lugar, mesmo você se esquecendo momentaneamente das coisas. Fora que, com pais bebuns, tem sempre uma cerveja pronta para ser gelada ou sempre a disposição para responder assim “Pode comprar que a gente bebe” depois de eu perguntar “Nessa casa não tem cerveja não, é?!”.

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