23.6.08

MOLECAGEM

Acabo de presenciar um ato de molecagem no trabalho, daquelas molecagens sadias, que me fizeram lembrar das molecagens do Lancenet. A de hoje foi assim. O intrépido fotógrafo André Moreira simulou uma ligação de um assessor, enredou na conversa e disse que o cara iria mandar duas matérias para a gente corrigir na redação da Secom. Cara de espanto da Joana, que está em marcha lenta, assim como eu. E tudo porque eu disse que hoje, véspera de feriado por aqui nas terras de Sergipe Del Rey, o que chegasse do dito assessor só seria corrigido na quarta-feira, porque eu não faria maldade com ninguém.

Depois das risadas, lembrei, e contei, das histórias do Lancenet. Da galera ligando para saber dos resultados após as rodadas e a gente transferindo a ligação para outros ramais, com um sacana “um segundinho só que eu vou transferir sua ligação para o setor de resultados da Segunda Divisão”. Claro que o cara que ligava ficava puto.

Ou, então, a galera simulando defeito no telefone, fazendo um descarado “sssshhhhhhh (ou algo como interferência)... não estou te ouvindo direito, amigo, ligue de novo”, pro cara ficar bolado. Aí, o cara retornava, a gente continuava imitando o defeito e quase sempre ouvia um “porra, vocês estão de sacanagem, não acredito”. Ah, de vez em quando a gente dizia que não era do Lancenet...

Aí, a molecagem passou para as lembranças daquela época, das amizades, dos chopes no Capela, das charruscas, das entrevistas com os coroas e os craques do futebol. Decidi, mas não sei quando vou cumprir, que vou voltar a entrevistar esses caras do futebol, craques, ídolos, e aumentar os autógrafos na camisa da Seleção Brasileira comprada exclusivamente para este fim – estão lá Júnior, Reinaldo, Jairzinho, Dadá Maravilha, Wilson Piazza e Telê Santana. Falta o Zico.

Agora, enquanto escrevo, percebo que já guardo um monte de lembranças, boas, ruins e importantes, de Aracaju. Uma ruim foi acordar de madrugada uma semana depois de perder o primeiro emprego aqui, tirar uma foto da Nova Saneamento da janela do apartamento e ficar me perguntado o que tinha vindo fazer nesta cidade. Um “ei, tá maluco, venha dormir. Não pense agora não. Você é bom e vai se dar bem, eu sei”, me fez dormir.

Uma boa lembrança, ligada a essa ruim, foi receber o prêmio Petrobras Direitos Humanos de Jornalismo e poder dizer, num Teatro Atheneu repleto de jornalistas, que o prêmio era dedicado, também, ao empresário que me demitiu, porque se nada daquilo tivesse ocorrido, eu não teria feito a reportagem premiada. E uma lembrança importante que vai ficar é a dessa molecagem de hoje, porque mostra que a molecagem sadia no trabalho ainda existe. E esse tipo de coisa é massa pacas.

Claro que há muitas outras lembranças boas, ruins e importantes, antigas e recentes, algumas até bem recentes. Mas isso é assunto para depois. Agora começou o jornal do meio-dia e tenho de ver, por causa do trabalho.

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